28 julho 2007

À amiga ouvinte II.

Sim, amiga, te falo...

seriam menos, as dores, seriam menos as noites frias, se a voz guardada, interna, sentida, tivesse receptáculo caloroso, terno, compreensível...

Sim, te falo...

da extrema solidão coberta dos olhos, tão alheios...
te falo da raiva que estrangula as ocultas
.............. da raiva que se apondera do corpo e machuca.

Me calo, por fim, pela indizivel delicadeza de ser só.

18 julho 2007

À amiga ouvinte.


Sim menina, eu estou bem...

Complexo - eu, você, qualquer um - é o ser humano.

Quanto a profundidade, ao meu ver, é a grande questão.

Até que ponto submergimos em nós mesmos sem nos perder?
Há um fim?
Alcançar o profundo é uma escolha, como uma busca, ou resultado do viver?

Sim, tive acesso a profundeza de mim, partes dela certamente... início, meio , fim... sabe-se lá!

Sou uma menina meu anjo, mas vejo. Vejo pelos poros. Cego-me de tempo em tempo.

Sim, há marcas...

Como sou feliz por elas, tornam-me viva! Fazem de mim como a uma árvore ao estender suas raízes por lugares seguros... água!

Quanto aos dragões, se despertam, olho-os nos olhos, ouço-os e os faço ouvir. Acredito no diálogo sincero. Meu caminho.

Ainda me assusta ser surpreendida, falta-me chão, sinto na nuca a chama dos dragões reativando seus fogos de narinas... dois passos para frente... três para trás.

Até que tudo se reveste do conhecido e abrando o susto, saltando-o para mais uma experiência onde pérolas me são adicionadas (reconheço as perdas também).

Medo... o peso!

Sim, há pesos que me compõem.
Resistem alguns de tal forma que chego a pensar me serem charmes.
Terminam por se tornarem mesmo, mas não me agrada quando se tornam referências de mim... nem pelo o que atrai.

Falemos agora do simples.

O simples em mim, se desejas saber, está no meu cotidiano.
No bom dia ao cruzar a roleta do ônibus, ao cumprimentar um(a) estranho com um sorriso, ao acariciar uma cabecinha pueril que me passa de relance, ao trocar palavras num banco de praça com um cego, um surdo, um velho, um intelectual, um louco...

O simples está no bem viver os momentos mais tolos e mais efêmeros que surgem ao acaso.

O simples reside em dar vazão ao bem-querer à humanidade.

O simples é ver as respostas retornarem positivas ao deixar fluir o meu amor à vida e seus componentes.

Sim, meu bem, tenho um "quê" de simples... e te confesso como o meu recinto mais sagrado.

Estou feliz, sinto o fluxo da minhas ações seguras, resultante da paciência de treinos e treinos.

Sim, é possível que me compreendas mais pelos meus textos, sou eu em palavras!

Gosto de você.
Faz-me sua amiga, faz-me crescer por onde tem mais segurança do que eu. (um apelo.)

Vou dormir o sono dos justos...